Integrantes do Conselho Metropolitano para o Desenvolvimento Sustentável da Grande Florianópolis (Comdes) debateram temas de interesse comum – principalmente mobilidade urbana - entre as mais de 30 entidades que participam desse fórum, durante a reunião da última sexta-feira (29). Na pauta estavam as obras do Contorno Viário da Grande Florianópolis e as mais recentes informações sobre a concessão do Aeroporto Internacional Hercílio Luz.
Também foi debatida a necessidade de o Conselho ampliar as cobranças de ações por parte da classe política para resolver os problemas de mobilidade das quatro principais cidades da região – Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu. Nesse contexto, todos foram unânimes em reforçar a pauta política durante as eleições deste ano, quando serão eleitos prefeitos e vereadores.
MOBILIDADE URBANA
Os debates foram abertos pelo professor Roberto de Oliveira, que é o coordenador de mobilidade urbana do Comdes. Ele pontuou que o problema crônico de trânsito da região metropolitana da capital só vai ser resolvido com a mudança do desenho urbano, melhorando a ocupação dos espaços para reequilibrar a diferença entre o volume de empregos e de moradias. Ele avalia que a Grande Florianópolis vai demorar a equacionar isso, ou seja, levar as empresas – que são as geradoras de empregos – para perto de onde residem os trabalhadores.
“Muitas pessoas ainda entendem que melhorar a mobilidade significa alargar ruas, construir pontes, viadutos. Isso é uma visão equivocada. A partir do momento em que a gente tem um desenho urbano mal feito, como aqui em Florianópolis, e as pessoas pensam que isso será revisto com obras de engenharia, nós vamos apenas satisfazer a demanda, sem resolver a questão. A causa principal do problema de mobilidade é o desequilíbrio entre os ‘bons empregos’, que estão dentro de Florianópolis, e a quantidade de moradias. A solução de longo prazo é a modificação do desenho urbano”, disse.
Oliveira ainda informou que está em fase de elaboração um documento que vai quantificar os prejuízos para a população durante a execução de uma obra – sobretudo aquelas feitas no perímetro urbano. Na avaliação do coordenador de mobilidade urbana do Comdes, a engenharia precisa levar em conta todo o desgaste que uma intervenção na cidade representa aos seus moradores. “Eu me refiro às obras públicas e os efeitos que elas causam à população. Nenhuma obra aqui na Grande Florianópolis leva em conta o custo do incômodo que isso gera para os moradores. É um absurdo, por exemplo, uma empresa acabar uma pavimentação, e depois vir a Casan fazendo buracos para colocar tubos. Há um estudo em andamento, indicando que toda a infraestrutura deve ficar pronta antes de as máquinas começarem o trabalho”.
O presidente da Aemflo-CDL de São José, Marcos Souza, usou da palavra para dar um exemplo de que o ‘desenho urbano’ da Grande Florianópolis é mal feito, citando que recentemente a Receita Federal retirou de São José do seu posto de atendimento. A unidade atendia, além do município, empresários e contadores das cidades vizinhas, como Palhoça, Biguaçu, Santa Amaro da Imperatriz e todas as outras da região metropolitana. “A desculpa foi sempre a mesma, de redução de custos. Mas, desse jeito, a Receita jogou o custo para a população, que agora precisa entrar na Ilha para ter acesso aos servidos daquele órgão. Isso também aconteceu com a Junta Comercial, que concentrou tudo em Florianópolis, ajudando a piorar a mobilidade urbana”, criticou.
AEROPORTO HERCÍLIO LUZ
Em seguida o coordenador do GT paritário que está acompanhando as discussões em torno da concessão do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, Jaime Ziliotto, explanou sobre os últimos acontecimentos em torno do assunto. Ele informou, por exemplo, que a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) ainda não se pronunciou sobre o relatório feito após a Audiência Pública realizada em Florianópolis, no dia 3 de junho.
“Entre as últimas informações que temos, uma foi conseguida por meio do senhor Carlos Alberto Riederer, que recebeu de Brasília, no dia 23 de junho, uma resposta da Anac, de que analisará as sugestões e aguardará a aprovação da diretoria, do relatório de sugestões captadas durante a audiência pública. Após isso, a audiência será efetivamente encerrada com a publicação do relatório de análise. E depois, no dia 26 de julho, a Anac respondeu que o relatório ainda está em fase de análise. Ou seja, nada evoluiu em um mês”, comentou, finalizando com a leitura de uma matéria da Folha da S.Paulo sobre concessões dos aeroportos de Florianópolis, Porto Alegre, Salvador e Fortaleza. “Segundo essa matéria, a previsão de lançar o edital é em setembro e o leilão no final do ano, mas eu acredito que vai ser muito difícil sair esse leilão este ano”, disse.
CONTORNO VIÁRIO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS
O coordenador do GT paritário que acompanha a BR-101 e a obra do Contorno Viário da Grande Florianópolis, Nelson A.Silveira, relatou que esteve em reunião na manhã do dia 29 de Julho, com o superintendente da Autopista Litoral Sul para a Alça de Contorno, Marcelo Modolo. “Ele está responsável pela parte das negociações e indenizações de áreas no trecho da 282-101 e me apresentou as ideias da Litoral Sul, que para minha surpresa não mudaram muito. Mas ele me garantiu que na próxima visita em Santa Catarina do Dr. Davi, que é o diretor internacional da Arteris, vai marcar uma reunião conosco”, informou.
Nelson ainda relatou que o superintendente da Autopista deixou uma cópia atualizada dos dois trechos que estão com obras contratadas, na região intermediária, que é em São José. “Estão contratados, mas não podem ser executados, porque mudou tudo. O quarto túnel, que fica entre São José e Antônio Carlos, não tem projeto ainda, e o trecho ali na Forquilha – que antigamente era o lixão – precisa fazer uma mudança de traçado. Para isso, precisa começar do ‘zero’, com licenciamento do Ibama e tudo mais. A única novidade boa é que o pessoal da Proactiva, em Biguaçu, chegou a um acordo sobre o traçado para desviar do seu aterro sanitário, mas agora necessita de autorização da ANTT”, finalizou, emendando que os processos de desapropriações ganharam um pouco mais de ritmo com a entrada de uma nova juíza, mas que o volume ainda não chega a 30%.
ELEIÇÕES 2016
A coordenadora-geral do Comdes, Sandra Molinaro, disse que no último dia 25 de Julho, a Associação Empresarial e Cultural de Biguaçu (Acibig) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município levaram o especialista em Controle da Gestão Pública e também integrante do Comdes, Adriano Carlos Ribeiro, para ministrar uma palestra sobre desenvolvimento econômico dos municípios para os vereadores e pré-candidatos. Pontuou, ainda que no dia 14 de Setembro as duas entidades irão se reunir com os candidatos a prefeito, para apresentar uma pauta de reivindicações feitas pelo empresariado local, para ser inclusa nos planos de governo.
Nesse contexto, os integrantes do Comdes ressaltaram a necessidade de que o Conselho marque posição junto aos candidatos a prefeitos das cidades da Grande Florianópolis no intuito de cobrar ações efetivas para resolução dos problemas comuns entre os municípios, sobretudo a mobilidade urbana em Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu.
Representando a Associação dos Usuários de Rodovias do Estado de Santa Catarina (Auresc), o advogado Alisson Luiz Mikoski deu musculatura ao tema, reforçando que haja um chamamento dos futuros gestores municipais, para exigir um compromisso metropolitano. “É inconcebível que os administradores municipais não enxerguem essa região como metropolitana. Nós não podemos mais admitir que São José não olhe para os problemas de seus vizinhos, e Florianópolis fazer a mesma coisa, cada um olhando para seu umbigo”, disse.
PRÓXIMA REUNIÃO
Sandra Molinaro adiantou que a próxima reunião mensal do Comdes será no dia 26 de Agosto, no mesmo horário, às 11h45, no espaço de eventos da Cantina Zabot, na Avenida Leoberto Leal, 157, bairro barreiros, em São José.
Assessoria
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