O Conselho Metropolitano para o Desenvolvimento Sustentável da Grande Florianópolis (Comdes) fez sua reunião mensal, nesta sexta-feira (26), para tratar de temas importantes para a região. Representantes de várias entidades participaram do encontro, no espaço de eventos do Restaurante Zabot, em São José.
O principal tema foi mobilidade urbana. Além do atraso na concessão do Aeroporto Internacional Hercílio Luz e das obras do Contorno Viário da Grande Florianópolis, ainda foi debatida a logística de transportes – que também impacta a vida do usuário de trânsito.
A presidente Sandra Molinaro abriu a reunião solicitando que a coordenadora do Grupo de Trabalho (GT) Institucional, Miriam Amarante, repassasse detalhes sobre a elaboração da proposta de estatuto para dar personalidade jurídica ao Comdes. Miriam, que é advogada, informou ter enviado o documento para análise dos coordenadores de GTs e, posteriormente, a colocação para apreciação em Assembleia Geral Estatutária.
Em seguida, o presidente da Associação dos Usuários de Rodovias do Estado de Santa Catarina (Auresc), Alisson Luiz Mikoski, falou sobre a falta de respostas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), com relação a emissão de licença ambiental para um trecho da obra do Contorno Viário, na região da “Serrinha”. “Ficou acordado que na segunda-feira, dia 22 de agosto, haveria a publicação do estudo técnico daquele trecho, o que não ocorreu. A justificativa é que a diretora da área responsável no Ibama precisou viajar. A informação é de que na semana que vem será publicado. Mas precisamos acompanhar de perto essa questão”.
O coordenador do GT do Aeroporto, Jaime Ziliotto, trouxe ao conhecimento do Conselho que praticamente não houve avanço nas tratativas para concessão do aeroporto de Florianópolis. Ele pontuou que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ainda não repassou informações sobre a audiência pública ocorrida no mês de junho, para ouvir a sociedade civil organizada. “Eles alegam que ainda estão estudando todas as sugestões feitas naquela audiência e nada está sendo resolvido. O que se ouve vindo da capital federal é de que o governo interino quer primeiro resolver essa questão do impeachment, para depois tratar de concessões e obras”, disse, sugerindo também que seja enviado um oficio à Anac convidando a agência para vir detalhar o processo de concessão aos integrantes do Comdes.
Ainda sobre esse tema, o ex-presidente do Comdes Adriano Carlos Ribeiro mencionou uma conversa que ele teve com o senador Dário Berger, sobre uma reunião que o parlamentar participou na ANTT para tratar das concessões. “Está mais enrolado do que a gente imagina”, foi a fala do senador. Adriano se prontificou a levar pessoalmente um ofício para protocolizar na agência, em Brasília, cobrando informações detalhadas da atual fase para ampliação do Hercílio Luz.
Após o tema aeroportuário, o debate passou para as rodovias. As explanações sobre esse assunto foram feitas por Mauro Fiedler, diretor executivo da Federação das Empresas de Transportes e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc). Ele participou da reunião do Comdes representando a entidade, a convite do professor Roberto de Oliveira, que é o coordenador do GT de Mobilidade Urbana do Conselho.
Fiedler fez uma análise sobre o atual cenário do transporte de cargas em Santa Catarina, elencando ações trabalhadas pela Federação para buscar diminuir impactos no sistema de trânsito. Ele pontuou um exemplo de Joinville – maior cidade do Estado – e de municípios adjacentes, onde será implantado um projeto denominado “Cidade dos Transportes”, que é uma grande área comprada pela iniciativa privada para instalação de empresas de logística – o que vai tirar os caminhões de grande porte do trânsito urbano. “Agora as empresas estão analisando a mobilidade urbana, projetando como os trabalhadores chegarão ao local, e conversando com o poder público, solicitando que não sejam autorizados conjuntos residenciais nas redondezas”.
O coordenador do GT paritário da BR-101 – que está acompanhando a construção do Contorno Viário – Nelson Antônio da Silveira, disse aos presentes que, no último mês, houve poucos avanços na obra. Ele citou que esteve em uma reunião na Autopista Litoral Sul, em Joinville, e não voltou animado com o que ouviu. “O acordo entre a concessionária e a Proactiva para fazer uma pequena mudança de traçado em Biguaçu ainda não foi aprovado pela ANTT, e no trecho de Forquilhas, onde já teve um lixão, eles fizeram o traçado e somente agora viram que lá tinham um aterro sanitário. Por conta disso, a Autopista já está fazendo estudo para mudar o traçado daquele trecho. Isso vai atrasar mais a obra, pois começa do zero de novo”, criticou Oliveira.
O ex-presidente do Comdes Celso Leal também usou da palavra, ressaltando a importância das bandeiras defendidas pelo Conselho, sobretudo da mobilidade urbana. Ele asseverou que é hora de buscar o compromisso da classe política, sobretudo dos prefeitos que irão ser eleitos em outubro, para a tomada de ações visando diminuir o impacto do trânsito na qualidade de vida das pessoas.
A representante do Creci, Sandra Pires, falou sobre várias situações que estão interligadas e que, mesmo sendo tratadas isoladamente, podem ajudar na mobilidade. Ela citou, por exemplo, a falta de plano diretor em Florianópolis – que define o que pode e onde pode ser construído.
Otávio Ferrari, representante do FloripAmanhã, falou da necessidade de se retomar as discussões sobre saneamento básico. Ele comentou que pouco está sendo feito no Norte da Ilha de Florianópolis para evitar vazamento de esgoto sanitário nas praias, na próxima temporada de verão. “O mesmo problema do ano passado, provavelmente vai se repetir neste ano”.
Ricardo Espíndola, do CRC, comentou sobre alternativas para viabilizar a melhoria na qualidade de vida, como a construção de ciclovias e a inserção da bicicleta como meio de transporte.
Sobre esse assunto levantado por Espíndola, a presidente do Comdes disse que, no último mês, o Conselho foi provocado pela Associação dos Ciclousuários da Grande Florianópolis (Via Ciclo) a inserir o modal na pauta de debates. “Vamos convidar diretores da Via Ciclo para participar da próxima reunião e nos trazer dados sobre a atual malha de ciclovias na região metropolitana”, disse.
Também fizeram suas considerações o deputado estadual licenciado Mário Marcondes; o representante do Sescon GF, Odair Édio de Abreu; do Sesi, Daniel Thiesen Horongoso; e da Fecomércio, Thiago Martins.
A próxima reunião mensal do Comdes será no dia 30 de setembro, também no espaço de eventos da Cantina Zabot, em São José.
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